quinta-feira, 30 de agosto de 2007

VIRGULINO FERREIRA DA SILVA, o Mito

Virgulino Ferreira da Silva (Serra Talhada, 7 de julho de 1898Poço Redondo, 28 de julho de 1938), vulgo Lampião, foi o mais famoso cangaceiro da História do Brasil.

Lampião nasceu no sítio "Passagem das Pedras" em Vila Bela, atual Serra Talhada, sertão de Pernambuco, em 1898. Uma das versões a respeito da origem de sua alcunha é que, num dos cerrados tiroteios havidos durante assalto noturno, mercê dos continuados tiros o cano de seu rifle ficou em brasa, lembrando a luz mortiça de um lampião. Como o fato se repetisse, ficou conhecido como o Homem do lampião, ou simplesmente Lampião.

A família

Virgulino Ferreira da Silva era o terceiro dos muitos filhos de José Ferreira da Silva e de Maria Lopes. Nasceu em 1898, como consta em sua certidão de batismo, e não em 1897, como citado de várias obras.

A família Ferreira formou-se na seguinte sequência, por datas de nascimento:

1895 - Antonio Ferreira dos Santos
1896 - Livino Ferreira da Silva
1898 - Virgulino Ferreira da Silva
???? - Virtuosa Ferreira
1902 - João Ferreira dos Santos
???? - Angélica Ferreira
1908 - Ezequiel Ferreira
1910 - Maria Ferreira (conhecida como Mocinha)
1912 - Anália Ferreira

Todos os filhos do casal nasceram no sítio Passagem das Pedras, pedaço de terras desmembrado da fazenda Ingazeira, às margens do Riacho São Domingos, no município de Vila Bela, atualmente Serra Talhada, no Estado de Pernambuco.

Esse sítio ficava a uns 200 metros da casa de dona Jacosa Vieira do Nascimento e Manoel Pedro Lopes, avós maternos de Virgulino. Por causa dessa proximidade Virgulino residiu com eles durante grande parte de sua infância. Seus avós paternos eram Antonio Ferreira dos Santos Barros e Maria Francisca da Chaga, que residiam no sítio Baixa Verde, na região de Triunfo, em Pernambuco.

A infância de Virgulino transcorreu normalmente, em nada diferente das outras crianças que com ele conviviam. Todas as informações disponíveis levam a crer que as brincadeiras de Virgulino com seus irmãos e amigos de infância eram nadar no Riacho São Domingos e atirar com o bodoque, um arco para bolas de barro. Também brincavam de cangaceiros e volantes, como todos os outros meninos da época, imitando, na fantasia, a realidade do que viam à sua volta, "enfrentando-se" na caatinga. Em outras palavras, brincavam de "mocinho e bandido", como faziam as crianças nas outras regiões mais desenvolvidas do país.

Foi alfabetizado por Domingos Soriano e Justino de Nenéu, juntamente com outros meninos. Freqüentou as aulas por apenas três meses, tempo suficiente para que aprendesse as primeiras letras e pudesse, pelo menos, escrever e responder cartas, o que já era mais instrução do que muitos conseguiam durante toda sua vida, naquelas circunstâncias.

O sustento da família vinha do criatório e da roça em que trabalhavam seu pai e os irmãos mais velhos. O trabalho de almocreve estava mais a cargo de Livino e de Virgulino, e consistia em transportar mercadorias de terceiros no lombo de uma tropa de burros de propriedade da família.

Os trajetos variavam bastante, mas de forma geral iniciavam-se no ponto final da Great Western, estrada de ferro que ligava Recife a Rio Branco, hoje chamada Arcoverde, em Pernambuco. Ali recolhiam as mercadorias a serem distribuídas pelos locais designados por seus contratantes, em diversas vilas e lugarejos do sertão. Esse conhecimento precoce dos caminhos do sertão foi, sem dúvida, muito valioso para o cangaceiro Lampião, alguns anos mais tarde.

Por duas vezes Virgulino acompanhou a tropa até o sertão da Bahia, mais exatamente até as cidades de Uauá e Monte Santo. Nesta última havia um depósito de peles de caprinos que eram, de tempos em tempos, enviadas pelo responsável, Salustiano de Andrade, para a Pedra de Delmiro, em Alagoas, para processamento e exportação para a Europa.

Esta informação nos foi prestada por dona Maria Corrêa, residente em Monte Santo, Bahia. Dona Maria Corrêa, mais conhecida como Maria do Lúcio, exercia a profissão de parteira e declarou-nos que, quando jovem, conheceu Virgulino Ferreira durante uma de suas visitas ao depósito de peles.

Como curiosidade e melhor identificação, dona Maria Corrêa é a parteira que foi condecorada pelo então presidente Juscelino Kubitschek de Oliveira ao completar mil partos realizados com sucesso.

É bom frisar que as peles caprinas não eram compradas pelos Ferreira, apenas transportadas por eles, num serviço semelhante ao do frete rodoviário dos dias atuais.

Em quase todas suas viagens os irmãos tinham a companhia de Zé Dandão, indivíduo que conviveu durante muito tempo com a família Ferreira.

Nossas pesquisas na região comprovaram, através de diversos depoimentos pessoais, que José Ferreira, o patriarca da família, era pessoa pacata, trabalhadora, ordeira e de ótima índole, do tipo que evita ao máximo qualquer desentendimento.

Esses depoimentos positivos merecem especial atenção e ainda maior credibilidade por terem sido prestados por pessoas inimigas da família. Apesar da inimizade preferiram contar a verdade a denegrir gratuitamente o nome de José Ferreira.

A mãe de Virgulino já era um pouco diferente, mais realista em relação ao ambiente em que viviam. De maneira geral todos os entrevistados declararam que José Ferreira desarmava os filhos na porta da frente e dona Maria os armava na porta de trás dizendo:

- Filho meu não é para ser guardado no caritó. Não criei filho para ser desmoralizado.

O cangaceiro



Lampião comandou um grupo de cangaceiros fiéis e corajosos, mas extremamente cruéis. Um deles, Corisco, que inicialmente pertenceu ao bando deLampião e depois passou a ter o seu próprio bando, após morte de Lampião, tornou-se seu sucessor.

Lampião teve uma vida difícil. Seu pai foi morto quando Virgulino ainda era adolescente, numa busca policial, pelo alagoano José Lucena Maranhão, quando o destacamento procurava Virgulino, Levino e Antônio, os três irmãos já envolvidos com crimes. A ação policial desastrada o levou definitivamente a assumir a atitude de bandido, e por volta de 1916 se juntou a um bando de cangaceiros chefiados por um primo seu, Sebastião Pereira, vulgo "Sinhô Pereira". Já em 1919 liderava o grupo, e sua fama corria o país inteiro. Era o personagem preferido de literatura de cordel, onde era mostrado como um grande "herói", infalível e indomável. Relatos de suas façanhas contra os polícias chegavam aos ouvidos dos políticos, que patrocinaram uma caçada para persegui-lo e matá-lo.

Vários coronéis (coiteiros) do sertão ofereciam armas, munição e abrigo em suas terras ao cangaceiro em troca de ajuda para sua segurança e na luta contra inimigos, assim como participação nos saques. Lampião se tornou uma "lenda" depois de morto. Desenvolveu-se, depois da sua morte, a falsa noção de que ele

era uma espécie de revolucionário marxista (documentos da III Internacional à época falam dos cangaceiros como "partisans", ou seja, guerrilheiros), que combatia as injustiças sociais no sertão, e que tirava dos ricos para dar aos pobres.


[crítica] Na verdade ele parece ter sido apenas um bandido comum, extremamente cruel e sanguinário, capaz das piores atrocidades contra as populações rurais no nordeste, e que sempre viveu em conluio* com latifundiários.

[perfil] Extremamente vaidoso, gostava de perfumes franceses, roupas com enfeites e chapéus enormes adornados com moedas de prata, e confeccionava suas próprias alpercatas, bornais e cartucheiras, feitos de couro.


Lampião era um assassino frio. Mau com os fracos e mais terrível ainda com os poderosos. Lampião era exímio com a faca e não se importava de ver as suas vítimas sangrar agonizando até a morte. Não se importava com o sofrimento alheio ao testemunhar mães verem a morte de seus filhos, maridos de esposas e vice-versa. Matou com igual crueldade mulheres, crianças indefesas, mulheres grávidas e até mesmo velhos. Lampião especializou-se em alguns tipos de tortura como a decapitação de membros e olhos. Famoso ficou o caso de uma mulher que lhe entregara os anéis afirmando "vão-se os anéis e ficam os dedos" no que Lampião respondeu "pois vão-se os dedos também" e mandou decepar-lhe a mão. Praticou também estupros coletivos (num deles, mais de 25 homens de seu grupo barbarizaram uma indefesa mulher antes de mata-la). Uma de suas execuções favoritas era cortar a pessoa com a faca da clavícula ao alto do pescoço. Lampião também costumava empalar** algumas de suas vítimas. Essas terríveis formas de matar eram usadas indiscriminadamente, tanto para com inimigos legítimos e poderosos como para pessoas inocentes que em alguma coisa desagradassem ao gênio vaidoso de Virgulino.

Apesar de suas atrocidades, era religioso e trazia sempre no bornal*** um rosário e uma imagem de Nossa Senhora da Conceição. Conta-se, aliás, que em 1926 teria recebido a patente de capitão da Guarda Nacional pelas mãos do Padre Cícero a fim de combater a Coluna Prestes que, naqueles dias agitados, passava pelo território cearense - um mito que parece ter como objetivo realçar o prestígio de Lampião ao associá-lo ao maior taumaturgo nordestino. Nesta passagem por Juazeiro do Norte, Lampião deu uma entrevista para o médico de Crato, Dr. Otacílio Macedo.

A entrevista teve dois momentos. O primeiro foi travado o seguinte diálogo:

- Que idade tem?
- Vinte e sete anos.

- Há quanto tempo está nesta vida?
- Há nove anos, desde 1917, quando me ajuntei ao grupo do Senhor Pereira.

- Não pretende abandonar a profissão?

A esta pergunta Lampião respondeu com outra:
- Se o senhor estiver em um negócio, e for se dando bem com ele, pensará porventura em abandoná-lo? Pois é exatamente o meu caso. Porque vou me dando bem com este "negócio", ainda não pensei em abandoná-lo.

- Em todo o caso, espera passar a vida toda n

este "negócio"?
- Não sei... talvez... preciso porém "trabalhar" ainda uns três anos. Tenho alguns "amigos" que quero visitá-los, o que ainda não fiz, esperando uma oportunidade.

- E depois, que profissão adotará?
- Talvez a de negociante.

- Não se comove a extorquir dinheiro e a "variar" propriedades alheias?
- Oh! mas eu nunca fiz isto. Quando preciso de algum

dinheiro, mando pedir "amigavelmente" a alguns camaradas.

Nesta altura chegou o 1° tenente do Batalhão Patriótico de Juazeiro, e chamou Lampião para um particular. De volta avisou-nos o facínora:

- Só continuo a fazer este "depoimento" com ordem do meu superior. (Sic!)

- E quem é seu superior?
- ! !

- Está direito...

Quando voltamos, algumas horas depois, à presença de Lampião, já este se encontrava instalado em casa do historiador brasileiro João Mendes de Oliveira.

Rompida, novamente, a custo, a enorme massa popular que estacionava defronte à casa, penetramos por um portão de ferro, onde veio Lampião ao nosso encontro, dizendo:

- Vamos para o sótão, onde conversaremos melh

or.

Subimos uma escadaria de pedra até o sótão. Aí notamos, seguramente, uns quarenta homens de Lampião, uns descansando em redes, outros conversando em grupos; todos, porém, aptos à luta imediata: rifle, cartucheiras, punhais e balas...

- Desejamos um autógrafo seu, Lampião.
- Pois não.

Sentado próximo de uma mesa, o bandido pegou da pena e estacou, embaraçado.

- Que qui escrevo?

- Eu vou ditar.

E Lampião escreveu com mãos firmes, caligrafia regular.

"Juazeiro, 6 de março de 1926
Para... e o Coronel...

Lembrança de EU.
Virgulino Ferreira da Silva.
Vulgo Lampião".

Os outros facínoras observavam-nos, com um misto de simpatia e desconfiança. Ao lado, como um cão de fila, velava o homem de maior confiança de Lampião, Sabino Gomes, seu lugar-tenente, mal-encarado.

-É verdade, rapazes! Vocês vão ter os nomes publicados nos jornais em letras redondas...

A esta afirmativa, uns gozaram o efeito dela, porém parece que não gostaram da coisa.

- Agora, Lampião, pedimos para escrever os nomes dos rapazes de sua maior confiança.
- Pois não. E para não melindrar os demais companheiros, todos me merecem igual confiança, entretanto poderia citar o nome dos companheiros que estão há mais tempo comigo.

E escreveu.

1 - Luiz Pedro
2 - Jurity
3 - Xumbinho
4 - Nuvueiro
5 - Vicente
6 - Jurema

E o estado maior:
1 - Eu, Virgulino Ferreira
2 - Antônio Ferreira
3 - Sabino Gomes.

Passada a lista para nossas mãos fizemos a "chamada" dos cabecilhas fulano, cicrano, etc.

Todos iam explicando a sua origem e os seus feitos. Quando chegou a vez de "Xumbinho", apresentou-se-nos um rapazola, quase preto, sorridente, de 18 anos de idade.

- É verdade, "Xumbinho"! Você, rapaz tão moço,

foi incluído por Lampião na lista dos seus melhores homens... Queremos que você nos ofereça uma lembrança...

"Xumbinho" gozou o elogio. Todo humilde, tirou da cartucheira uma bala e nos ofereceu como lembrança...

- No caso de insucesso com a polícia, quem o substituirá como chefe do bando?
- Meu irmão Antônio Ferreira ou Sabino Gomes...

- Os jornais disseram, ultimamente, que o tenente Optato, da polícia pernambucana, tinha entrado em luta com o grupo, correndo a notícia oficial da morte de Lampião.
- É ,o tenente é um "corredor", ele nunca fez a diligência de se encontrar "com nós"; nós é que lhe matemos alguns soldados mais afoitos.

- E o cel. João Nunes, comandante geral da polícia de Pernambuco, que também já esteve no seu encalço?
- Ah, este é um "velho frouxo", pior do que os outros...

Neste momento chegou ao sótão uma "romeira" velha, conduzindo um presente para Lampião. Era um pequeno "registro" e um crucifixo de latão ordinário. "Velinha", apresentando as imagens: "Stá aqui, seu coroné Lampião, que eu truve para vomecê".

- Este santo livra a gente de balas? Só me serve si for santo milagroso.

Depois, respeitosamente, beijou o crucifixo e guardou-o no bolso. Em seguida tirou da carteira um nota de 10$000 e gorgetou a romeira.

- Que importância já distribuiu com o povo do Juazeiro?
- Mais de um conto de réis.

Lampião começou por identificar-se:

- Chamo-me Virgulino Ferreira da Silva e pertenço à humilde família Ferreira do Riacho de São Domingos, município de Vila Bela. Meu pai, por ser constantemente perseguido pela família Nogueira e em especial por Zé Saturnino, nossos vizinhos, resolveu retirar-se para o município de Águas Brancas, no estado de Alagoas. Nem por isso cessou a perseguição.

- Em Águas Brancas, foi meu pai, José Ferreira, barbaramente assassinado pelos Nogueira e Saturnino, no ano de 1917.

- Não confiando na ação da justiça pública, por que os assassinos contavam com a escandalosa proteção dos grandes, resolvi fazer justiça por minha conta própria, isto é, vingar a morte do meu progenitor. Não perdi tempo e resolutamente arrumei-me e enfrentei a luta. Não escolhi gente das famílias inimigas para matar, e efetivamente consegui dizimá-las consideravelmente.

Sobre os grupos a que pertenceu:

- Já pertenci ao grupo de Sinhô Pereira, a quem acompanhei durante dois anos. Muito me afeiçoei a este meu chefe, porque é um leal e valente batalhador, tanto que se ele ainda voltasse ao cangaço iria ser seu soldado.

Sobre suas andanças e seus perseguidores:
- Tenho percorrido os sertões de Pernambuco, Paraíba e Alagoas, e uma pequena parte do Ceará. Com as polícias desses estados tenho entrado em vários combates. A de Pernambuco é disciplinada e valente, e muito cuidado me tem dado. A da Paraíba, porém, é uma polícia covarde e insolente. Atualmente existe um contingente da força pernambucana de Nazaré que está praticando as maiores violências, muito se parecendo com a força paraibana.

Referindo-se a seus coiteiros, Lampião esclareceu:

- Não tenho tido propriamente protetores. A família Pereira, de Pajeú, é que tem me protegido, mais ou menos. Todavia, conto por toda parte com bons amigos, que me facilitam tudo e me consideram eficazmente quando me acho muito perseguido pelos governos.

- Se não tivesse de procurar meios para a manutenção dos meus companheiros, poderia ficar oculto indefinidamente, sem nunca ser descoberto pelas forças que me perseguem.
- De todos meus protetores, só um traiu-me miseravelmente. Foi o coronel José Pereira Lima, chefe político de Princesa. É um homem perverso, falso e desonesto, a quem durante anos servi, prestando os mais vantajosos favores de nossa profissão.

A respeito de como mantém o grupo:
- Consigo meios para manter meu grupo pedindo recursos aos ricos e tomando à força aos usuários que miseravelmente se negam de prestar-me auxílio.

Se estava rico?
- Tudo quanto tenho adquirido na minha vida de bandoleiro mal tem chegado para as vultuosas despesas do meu pessoal - aquisição de armas, convindo notar que muito tenho gasto, também, com a distribuição de esmolas aos necessitados.

A respeito do número de seus combates e de suas vítimas disse:
- Não posso dizer ao certo o número de combates em que já estive envolvido. Calculo, porém, que já tomei parte em mais de duzentos. Também não posso informar com segurança o número de vítimas que tombaram sob a pontaria adestrada e certeira de meu rifle. Entretanto, lembro-me perfeitamente que, além dos civis, já matei três oficiais de polícia, sendo um de Pernambuco e dois da Paraíba. Sargentos, cabos e soldados, é impossível guardar na memória o número dos que foram levados para o outro mundo.

Sobre as perseguições e fugas deixou claro:

- Tenho conseguido escapar à tremenda perseguição que me movem os governos, brigando como louco e correndo rápido como vento quando vejo que não posso resistir ao ataque. Além disso, sou muito vigilante, e confio sempre desconfiando, de modo que dificilmente me pegarão de corpo aberto.

- Ainda é de notar que tenho bons amigos por toda parte, e estou sempre avisado do movimento das forças.

- Tenho também excelente serviço de espionagem, dispendioso mas utilíssimo.

Seu comportamento mereceu alguns comentários bastante francos:
- Tenho cometido violências e depredações vingando-me dos que me perseguem e em represália a inimigos. Costumo, porém, respeitar as famílias, por mais humildes que sejam, e quando sucede algum do meu grupo desrespeitar uma mulher, castigo severamente.

Perguntado se deseja deixar essa vida:
- Até agora não desejei, abandonar a vida das armas, com a qual já me acostumei e sinto-me bem. Mesmo que assim não sucedesse, não poderia deixá-la, porque os inimigos não se esquecem de mim, e por isso eu não posso e nem devo deixá-los tranquilos. Poderia retirar-me para um lugar longinguo, mas julgo que seria uma covardia, e não quero nunca passar por um covarde.

Sobre a classe da sua simpatia:
- Gosto geralmente de todas as classes. Aprecio de preferência as classes conservadoras - agricultores, fazendeiros, comerciantes, etc., por serem os homens do trabalho. Tenho veneração e respeito pelos padres, porque sou católico. Sou amigo dos telegrafistas, porque alguns já me tem salvo de grandes perigos. Acato os juizes, porque são homens da lei e não atiram em ninguém.

- Só uma classe eu detesto: é a dos soldados, que são meus constantes perseguidores. Reconheço que muitas vezes eles me perseguem porque são sujeitos, e é justamente por isso que ainda poupo alguns quando os encontro fora da luta.

Perguntado sobre o cangaceiro mais valente do nordeste:
- A meu ver o cangaceiro mais valente do nordeste foi Sinhô Pereira. Depois dele, Luiz Padre. Penso que Antonio Silvino foi um covarde, porque se entregou às forças do governo em consequência de um pequeno ferimento. Já recebi ferimentos gravíssimos e nem por isso me entreguei à prisão.

- Conheci muito José Inácio de Barros. Era um homem de planos, e o maior protetor dos cangaceiros do nordeste, em cujo convívio sentia-se feliz.

Questionado sobre ferimentos em combate, contou:
- Já recebi quatro ferimentos graves. Dentre estes, um na cabeça, do qual só por um milagre escapei. Os meus companheiros também, vários têm sido feridos. Possuímos, porém, no grupo, pessoas habilitadas para tratar dos ferimentos, de modo que sempre somos convenientemente tratados. Por isso, como o senhor vê, estou forte e perfeitamente sadio, sofrendo, raramente, ligeiros ataques reumáticos.

Sobre ter numeroso grupo:
- Desejava andar sempre acompanhado de numeroso grupo. Se não o organizo conforme o meu desejo é porque me faltam recursos materiais para a compra de armamentos e para a manutenção do grupo - roupa, alimentação, etc. Estes que me acompanham é de quarenta e nove homens, todos bem armados e municiados, e muito me custa sustentá-los como sustento. O meu grupo nunca foi muito reduzido, tem variado sempre de quinze a cinquenta homens.

Sobre padre Cícero Lampião foi bem específico:
- Sempre respeitei e continuo a respeitar o estado do Ceará, porque aqui não tenho inimigos, nunca me fizeram mal, e além disso é o estado do padre Cícero. Como deve saber, tenho a maior veneração por esse santo sacerdote, porque é o protetor dos humildes e infelizes, e sobretudo porque há muitos anos protege minhas irmãs, que moram nesta cidade. Tem sido para elas um verdadeiro pai. Convém dizer que eu ainda não conhecia pessoalmente o padre Cícero, pois esta é a primeira vez que venho a Juazeiro.

Em relação ao combate aos revoltosos:
- Tive um combate com os revoltosos da coluna Prestes, entre São Miguel e Alto de Areias. Informado de que eles passavam por ali, e sendo eu um legalista, fui atacá-los, havendo forte tiroteio. Depois de grande luta, e estando com apenas dezoito companheiros, vi-me forçado a recuar, deixando diversos inimigos feridos.

A respeito de sua vinda ao Ceará:
- Vim agora ao Cariri porque desejo prestar meus serviços ao governo da nação. Tenho o intuito de incorporar-me às forças patrióticas do Juazeiro, e com elas oferecer combate aos rebeldes. Tenho observando que, geralmente, as forças legalistas não têm planos estratégicos, e daí os insucessos dos seus combates, que de nada tem valido. Creio que se aceitassem meus serviços e seguissem meus planos, muito poderíamos fazer.

Sobre o futuro Lampião mostrou-se incerto, apesar de ter planos:
- Estou me dando bem no cangaço, e não pretendo abandoná-lo. Não sei se vou passar a vida toda nele. Preciso trabalhar ainda uns três anos. Tenho de visitar alguns amigos, o que não fiz por falta de oportunidade. Depois, talvez me torne um comerciante.

Aqui termina a entrevista concedida por Lampião em Juazeiro.

Na despedida Lampião nos acompanhou até a porta. Pediu nosso cartão de visita e acrescentou:

- Espero contar com os "votos" dos senhores em todo tempo!

- Que dúvida... respondemos.

Como sabemos, Lampião, o "Rei do Cangaço", não viveu o suficiente para ver todos seus planos concretizados.

O sertão


Sertão quer dizer deserto (desertão) no sentido próprio e no sentido figurado. Essa região se estende por oito estados do Nordeste brasileiro: Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Bahia.

Aqui se conta a história de Lampião, o famoso capitão Virgulino Ferreira, também conhecido como o "Rei do Cangaço". Não toda ela, pois não é fácil abranger de forma completa a saga de um brasileiro que pode ser equiparado, em fama e feitos, aos famosos personagens do velho oeste americano. Para facilitar o entendimento, ainda que parcial, é necessário situar a história e seu personagem principal no meio físico em que nasceu, viveu e morreu.

Descrever o Nordeste, por onde andou Lampião, se

m entrar na costumeira lista de nomes de vegetais, tipos de solo e outros detalhes semelhantes, é uma tarefa ingrata. Resultaria desnecessária para quem já conhece a região e incompleta para quem nunca esteve lá.

Embora aparentemente agreste o nordeste é de natureza rica e variada. Ou talvez seja melhor dizer que é um misto de riqueza e pobreza, com imensa quantidade de espécies em sua fauna e flora, embora de clima seco durante a maior parte do ano. Chove muito pouco, o chão é seco e poeirento. A vegetação é rasa e, na maior parte do ano, de cor cinza. De vez em quando surgem árvores cheias de galhos, também secos, freqüentemente cobertos de espinhos que, se tocarem a pele, ferem. Raramente se encontra um local ond

e haja água, mas onde ela se apresenta a vegetação é muito mais verde, apesar de não radicalmente diferente de no restante da região. Saindo da planície e subindo para as partes mais altas, atingindo as serras e os serrotes, o ar tornar-se mais frio e as pedras desenham a paisagem.

Não há estradas, só caminhos, abertos e mantidos como trilhas identificáveis pela passagem dos que por ali circulam, geralmente a pé.

Em breves palavras, esse era o ambiente em que Virgulino Ferreira passou toda sua vida. Pode-se dizer que muito pouco mudou desde então

.


A morte




Em 28 de julho de 1938, no município de Poço Redondo, Sergipe, na fazenda Angico, Lampião foi morto por um grupamento da Polícia Militar alagoana, as chamados volantes, chefiado pelo tenente João Bezerra, juntamente com dez de seus cangaceiros, entre os quais se encontrava sua companheira, Maria Bonita, Luís Pedro, este o seu cangaceiro mais fiel, além de Mergulhão, Elétrico, Quinta-Feira, Caixa de Fósforo, Adília, Cajarana e Diferente. Foram todos decapitados e suas cabeças, devidamente etiquetadas, levadas como comprovante de suas mortes, foram expostas nas escadarias da igreja matriz de Santana do Ipanema. De lá foram conduzidas a Maceió e depois para Salvador. Foram mantidas, até a década de 1970, como "objetos de pesquisa científica" no Instituto Médico Legal de Salvador (Instituto Nina Rodrigues). Nina Rodrigues era fiel seguidor das idéias de médico legista forense italiano Cesare Lombroso segundo a qual a fisionomia tem uma correspondência direta com a tendência ao banditismo. Nina esperava encontrar nas amostras colhidas do bando de Lampião a comprovação da tese lombrosiana.

Uma semana depois do massacre de Angicos, o cangaceiro Corisco, o "Diabo Louro", que havia se separado de Lampião, constituindo um bando à parte, desfechou ataques fulminantes sobre cidades à margem do Rio São Francisco como vingança pela morte de seu amigo. Enviou algumas cabeças cortadas ao prefeito do povoado de Piranhas, com um bilhete: "Se o negócio é de cabeças, vou mandar em quantidade". Corisco foi morto em julho de 1940.




*Combinação entre pessoas para enganar ou prejudicar alguém; colusão, arranjo, conchavo, conspiração.

**Introduzir pelo ânus do supliciado um pau ou estaca pontiaguda, que lhe atravessa as entranhas.

***Saco de pano ou de couro, geralmente usado a tiracolo, onde se levam provisões, ferramentas etc.


segunda-feira, 27 de agosto de 2007

Marte e a Lua Cheia (O.o)

Imagine você que, da noite para o dia, o maciço do Pico do Jaraguá, o ponto mais alto da cidade de São Paulo (1.135 metros) amanheça na Praça da Sé, centro da cidade, a 30 km de distância de sua localização, a noroeste da metrópole.

Absurdo, não?

Pois o mesmo absurdo está por trás de uma versão que periodicamente circula online prevendo que em determinada data – desta vez o 27 de agosto – Marte estará no céu com o tamanho aparente da Lua Cheia.

As pessoas não só acreditam como chegam a combinar encontros para observar esse pretenso fenômeno.

De onde saiu tamanha tolice, por que essas versões ganham consistência e conquistam rapidamente a confiança das pessoas?

A origem disso tudo pode ser uma brincadeira de mau gosto ou um desses surtos que se propagam com a velocidade de um vírus.

De manifestação restrita, subitamente, pelas facilidades das comunicações, se transforma em realidade coletiva.

Marte, por sua órbita elíptica em torno do Sol – descoberta feita pelo astrônomo alemão Johannes Kepler (1572-1630), utilizando dados coletados pelo dinamarquês Tycho Brahe (1546-1601) – de fato tem aproximação máxima a cada dois anos com a Terra, que também tem órbita elíptica.

À época das aproximações a observação de Marte fica facilitada e isto foi válido especialmente no passado, levando-se em conta as limitações dos telescópios e a inexistência de naves espaciais, como as que sobrevoam ou estão investigando Marte de sua superfície.

Mas as aproximações não significam que Marte chegue ao tamanho de uma Lua Cheia. Para isso Marte deveria sair de sua órbita aproximar-se da Terra.

Aí está o disparate do pretenso fenômeno.

Que forças deslocariam Marte de sua órbita e qual o impacto disso no Sistema Solar interior?

Uma comparação possível é a do deslocamento do Pico do Jaraguá para o centro da cidade de São Paulo.

Mesmo quem não tem o menor conhecimento de astronomia, geologia ou o que quer que seja compreende que se trata de um completo absurdo.

Mensagens como esta quase sempre vêm acompanhada de uma advertência. A de que o pretenso fenômeno só voltará a ocorrer em milhares de anos.

Não se deixe impressionar por esta escala de tempo mesmo quando tratar-se de um fenômeno procedente. Ocorrências celestes podem repetir-se apenas em larga escala de tempo e não há nada de errado nisso.

Na verdade, rigorosamente, nada se repete. Quando algo como um eclipse total do Sol ocorre – e isto ocorre periodicamente – é preciso compreender que os contextos diferem entre si.

Lembram-se da frase atribuída ao filósofo grego Heráclito (540 a.C 480 a.C) (“ninguém sobe a mesma montanha duas vezes”)?

É isto que ele queria dizer. A segunda vez que você sobe a montanha ela já não é a mesma. Algum grão de areia, de sua primeira escalada, foi retirado pelos seus pés e transformou a montanha.

Planetas podem migrar possivelmente entre sistemas solares.

O astrônomo Rodney Gomes, do Observatório Nacional (ON) no Rio é co-autor de um trabalho interessantíssimo nesta área.

Mas isto, absolutamente, não tem qualquer relação com a idéia de que Marte chegará ao tamanho aparente da Lua Cheia nesta próxima ou em qualquer outra data.

Até porque, este ano, a máxima aproximação entre Terra e Marte será em 17 de dezembro – aproximadamente 88,3 milhões de quilômetros – e não agora, em 27 de agosto.



vi na Scientific American Brasil com créditos da Anahi WebDesigner

quarta-feira, 22 de agosto de 2007

Dia Internacional do Homem

Algumas razões para a criação do Dia Internacional do homem:

1) Quem é obrigado a erguer os pés quando ela está fazendo faxina?
R: O prestativo homem!

2) Quem se veste como pingüim no dia do matrimônio?
R: O humilde homem!

3) Quem é que, apesar do cansaço e do stress, jamais poderá fingir um orgasmo?
R: O sincero homem!

4) Quem é obrigado a sustentar a amante esbanjadora?
R: O abnegado homem!

5) Quem se expõe a uma úlcera, devida ao stress por chegar em casa e não encontrar a comida quentinha, as crianças com o banho tomado, a roupa lavada, a cozinha limpa e drink já posto sobre a mesa?
R: O doce homem!

6) Quem corre o risco de ser assaltado e morto na saída da boate, cada vez que participa dessas reuniões noturnas com os amigos, enquanto a mulher está bem segura em casa na sua caminha quentinha?
R: O desprotegido homem!

7) Quem é o encarregado de matar as baratas da casa?
R: O valente homem!

8) Quem segura o "rabo de foguete" quando chega em casa com marca de batom na camisa e é obrigado a dar explicações que nunca são aceitas? Por acaso ninguém pode ter um amigo que trabalhe como palhaço?
R: O incompreendido homem!

9) Quem é que toma banho e se veste em menos de vinte minutos?
R: O ágil homem!

10) Quem é que tem de gastar consideráveis somas em dinheiro comprando presentes para o dia das mães, da esposa, da secretária, da amante e outras festas inventadas pelo homem para satisfazer à mulher?
R: O dadivoso homem!

11) Quem jamais conta uma mentira?
R: O ético homem (sempre inocente, até prova em contrário)!!

12) Quem é obrigado a ver a mulher com os rolinhos nos cabelos e cara cheia de cremes?
R: O compreensivo homem!

13) Quem tem que passar por uma TPM calado todo mês?
R: O calmo homem!

14) Quem, na hora do "bem bom", fica a maior parte do tempo com o rosto voltado para o colchão ao invés de desfrutar da maravilhosa decoração do teto? Quem tem que aguentar os gritos e os gemidos nos ouvidos?
R: O sacrificado homem!

15) Quem é submetido ao trabalho desgastante de 44 horas semanais para poder pagar as contas de água e energia elétrica, despesas geradas pela mulher que não faz outra coisa senão passar, limpar, usar o aspirador e lavar durante somente umas 10 horas diárias?
R: O sofrido homem!

16) Quem é que tem de barbear-se todos os dias?
R: O pobre homem (e ás vezes sogras também)!

17) Quem é que tem de segurar a vontade de chorar?
R: O equilibrado homem (macho não chora...)!

18) Quem é que tem de suportar o suplício de usar uma cueca dois números a menos, presente dela que acha "bonitinho" a sua "mala" apertada?
R: O comedido homem!

19) Quem é que tem a obrigação de ser um escravo atleta sexual?
R: O objeto homem!

20) Quem é que tem que aceitar as "dores de cabeça" dela nas poucas vezes que o desejo aflora o seu corpo?
R: O ereto homem!

21) Quem é que vive sob o permanente risco de ter que entrar numa briga (apanhar) com o Jorjão para proteger o tribufu que acaba de conhecer?
R: O protetor homem!

22) Quem é que tenta, a todo custo, evitar apontar ou colocar o dedo naquele buraquinho(celulite) na coxa dela ou ainda fingir não reparar que ela engordou alguns kilos?
R: O disfarçado homem!

23) Quem lê isto ás escondidas para poder dar boas risadas, já que se for surpreendido pela mocréia corre o risco de levar umas paneladas nos cornos?
R: O vigiado homem!


E mais, quem é que consegue...

  • suportar a tortura de usar terno no verão.
  • pilotar a churrasqueira nos fins de semana enquanto todos se divertem.
  • ter sempre que resolver os problemas do carro.
  • notar a roupa nova dela.
  • sentir que ela mudou de perfume.
  • observar que ela trocou a tintura do cabelo de Imédia 713 para 731 louro bege salmon plus up light forever.
  • comentar que ela cortou o cabelo, mesmo que seja somente um centímetro.
  • conversar sobre aplicações, debêntures, dólares, commodities, marcos, CDBs e RDBs, mesmo que o seu salário mal dê para chegar ao final do mês.
  • trabalhar pra cacete em prol de uma família que reclama que você trabalha pra cacete!

Depois elas ainda acham que é fácil, só porque nós não menstruamos...

"E que Deus abençoe o Santo Homem!!!!

quinta-feira, 9 de agosto de 2007

EXUMAÇÃO DE UM PLYMOUTH BELVEDERE 57


Trata-se da interessante história da exumação de um Plymouth Belvedere Sport Coupé 1957, motor V8 de 4,9 litros e 215 cavalos, transmissão automática Torque-Flite da Chrysler, operada por cinco botões à esquerda do volante, “0 Km”, dourado com detalhes em branco. A cor dourada está ligada ao jubileu de ouro da cidade de Tulsa.

O “grandão” foi enterrado em 15 de junho de 1957 (embalado numa capa de estireno) sob a calçada à frente do Tulsa County Courthouse (aproximadamente 30 metros ao norte do cruzamento da Denver Ave. com a Rua 6. A “cápsula do tempo” era parte da Semana do Jubileu de Ouro: a comemoração em Tulsa do 50º aniversário de Oklahoma como o 46º Estado Americano.

Segundo Lewis Roberts Jr. (organizador do evento) o modelo foi escolhido por ser o que havia de mais avançado e que ainda estaria atual mesmo após 50 anos. Criado por Virgil Exner, o Plymouth Belvedere incorporava o “forward look” ("estilo à frente”). Com suas barbatanas pronunciadas, o Belvedere representava muito bem o novo estilo adotado em 1957 pela Chrysler, com perfil mais baixo e alongado em comparação aos demais carrões norte-americanos.

A “exumação” deu início à comemoração do centenário da cidade, e contou com a ilustre presença de Max True (98 anos), empregado da empresa que construiu a cápsula de cimento, em 1957.


O que se viu foi decepcionante: a caixa de concreto não resistiu ao tempo e o veículo foi danificado por água e lama. Pior, o “túmulo” teria sido projetado para agüentar até ataque nuclear (fruto da neurose provocada pela “Guerra Fria” entre os EUA e a extinta União Soviética).


No porta-malas foram encontrados 10 galões (37,3 litros) de gasolina (achavam que em 2007 não mais existiria o combustível), 4,7 litros de óleo, um mapa aéreo da infra-estrutura aeroportuária da extinta companhia Douglas Aircraft Co., indicações do comércio da cidade, das instalações e história do aeroporto local, história dos prefeitos dos primeiros 50 anos, uma grade de cerveja Schlitz, cartas de cidadãos locais e um microfilme contendo os nomes das pessoas que participaram do concurso para saber quantos habitantes teria a cidade de Tulsa em 2007.

O conteúdo de uma bolsa feminina (rolinhos de cabelo, tranqüilizantes, cigarros e um bilhete de estacionamento não pago) foi colocado no porta-luva momentos antes do enterro.

O prêmio para o vencedor – além do Plymouth – era uma caderneta de poupança no valor de US$ 100 que, corrigidos, equivalem a US$ 1,2 mil. Se a poupança atualizou o valor dos cem dólares, o mesmo não se pode dizer do Plymouth...

O VENCEDOR DO CONCURSO se chama Raymond Humbertson. – Marine e veterano da Guerra da Coréia, e terminou os seus dias como administrador do Northern Virginia Community College. Ele foi a pessoa que mais perto chegou do número atual de habitantes da cidade de Tulsa (apostou que a cidade teria 384.743 habitantes em 2007, mas o número exato é de 382.457). Infelizmente o Sr. Humberston faleceu (vítima de câncer, em 1979), assim como sua esposa, em1988. Como não tiveram filhos, o Plymouth passa a pertencer a duas irmãs do vencedor do concurso (que vivem em Maryland) e aos seus respectivos filhos.

Estima-se que o carro, se resgatado em estado impecável, valeria 50 mil dólares. Diante dos danos evidentes, esse valor será meramente “histórico”. Para recuperar o veículo, será necessário gastar MUITO; ainda mais que o custo da mão-de-obra norte-americana é bem elevado. Por sorte, o Plymouth Belvedere foi produzido em boa quantidade e as peças ainda são facilmente encontradas, mesmo depois de 50 anos.

O Belvedere 1957 era vendido com três opções motor: seis cilindros de 3,8 litros e 132 cavalos e V8 4.9 com carburador duplo [215 cv] e quádruplo. Deixou de ser fabricado em 1970, quando o Belvedere havia se tornado um carro médio, com linhas que lembravam as do Dodge Charger.

Seguem alguns vídeos:





terça-feira, 7 de agosto de 2007

nem tão classico assim!
http://br.youtube.com/watch?v=y_T1NE4Q2BI

Por 5 milhões...


Notícia: http://g1.globo.com/Noticias/SaoPaulo/0,,MUL83982-5605,00.html



"PF prende um dos traficantes mais procurados pelos EUA"



A polícia brasileira consegue pegar um dos traficantes mais procurados pelo o país de George W. Bush, mas não tem a capacidade de prender um mero chefe de boca de fumo em seu próprio território.

Por que será...

- O traficante "americano" é bem mais perigoso ?

- Existe uma gorda recompensa de 5 milhões de dólares ?

- Os bandidos daqui, são parentes da polícia ?

- Mostramos nosso trabalho apenas para o exterior ?

- No Brasil todos são amigos ?

- Propina, propina e mais propina ?

- Todos são polícia e traficante ao mesmo tempo ?

.

.

.

Façam suas apostas, pode ser que ganhem 5 milhões.

segunda-feira, 6 de agosto de 2007

Sempre achei esse negocio de blog coisa de desocupado ( e Continuo achando ) Mas esse velho amigo virgulim num flerte temporario com a insanidade criou um blog, e pior convidou eu e outro insano que num apareceu ate agora pra postar ( o palavra feia parece nome de crime ediondo ) Dito isto e assumindo minha completa falta do que fazer, provarei que nao sou apenas uma mente pervertida pornografica e mal intencionada.

Um pouco de Fernando Pessoa para vocês

Álvaro de Campos

Às Vezes

Às vezes tenho idéias felizes,
Idéias subitamente felizes, em idéias
E nas palavras em que naturalmente se despegam...
Depois de escrever, leio...
Por que escrevi isto?
Onde fui buscar isto?
De onde me veio isto?
Isto é melhor do que eu...
Seremos nós neste mundo apenas canetas com tinta
Com que alguém escreve a valer o que nós aqui traçamo

ATUMALAKÁ



alguém pode me explicar o significado de ATUMALAKÁ ^^

sábado, 4 de agosto de 2007

Porque não Morrer?


Agora já podemos morrer em PAZ

Enviada por JOTA

Carta de Americano


Carta recebida por Alexandre Garcia

(comentarista da rede Globo)

Enviada por um amigo Americano.

Segue a carta:

“Caros amigos brasileiros e “ricaços””

Vocês brasileiros pagam o dobro do que os americanos pagam pela água que consomem embora tenham água doce disponível, aproximadamente 25% da reserva mundial de água Doce está no Brasil. Vocês brasileiros pagam 60% a mais nas tarifas de telefone e eletricidade. Embora 95% da produção de energia em seu país seja hidroelétrica (mais barata e não poluente ).

Enquanto nós, pobres americanos, somente podemos pagar pela energia altamente poluente, produzidas por usinas termelétricas à base de carvão e petróleo e as perigosas usinas Nucleares.

E por falar em petróleo...

Vocês brasileiros pagam o dobro pela gasolina, que ainda por cima é de má qualidade, que acabam com os motores dos carros, misturas para beneficiar os usineiros de álcool. Não dá para entender, seu país é quase auto-suficiente em produção de petróleo (75% é produzido aí) e ainda assim tem preços tão elevados. Aqui nos EUA nós defendemos com unhas e dentes o preço do combustível que está estabilizado a vários anos US$ 0,30 ou seja R$ 0,90 Obs.: gasolina pura, sem mistura.

E por falar em carro...

Vocês brasileiros pagam R$ 40 mil por um carro que nós nos EUA pagamos R$ 20 mil. Vocês dão de presente para seu governo R$ 20 mil para gastar não se sabe com que e nem aonde, já que os serviços públicos no Brasil são um lixo perto dos serviços prestados pelo setor público nos EUA. Na Flórida, caros brasileiros, nós somos muito pobres; o governo estadual cobra apenas 2% de imposto sobre o valor agregado (equivalente ao ICMS no Brasil), e mais 4% de imposto federal, o que dá um total de 6%. No Brasil vocês são muito ricos, já que afinal concordam em pagar 18% só de ICMS.

E já que falamos de impostos...

Eu não entendo porque vocês alegam serem pobres, se, afinal, vocês não se importam em pagar, além desse absurdo ICMS, mais PIS, CONFINS, CPMF, ISS, IPTU, IR, ITR e outras dezenas de impostos, taxas e contribuições, em geral, com efeito cascata, de imposto sobre imposto, e ainda assim fazem festa em estádios de futebol e nas passarelas de Carnaval . Sinal de que não se incomodam com esse confisco maligno que o governo promove, lhes tirando 4 meses por ano de seu suado trabalho. De acordo com estudos realizados, um brasileiro trabalha 4 meses por ano somente para pagar a carga tributária de impostos diretos e indiretos.

Segue...

Nós americanos lembramos que somos extremamente pobres, tanto que o governo isenta de pagar imposto de renda todos que ganham menos de US$ 3 mil dólares por mês (equivalente a R$ 9.300,00), enquanto aí no Brasil os assalariados devem viver muito bem, pois pagam imposto de renda todos que ganham a partir de R$ 1.200,00. Além disso, vocês têm desconto retido na fonte, ou seja, ainda antecipam o imposto para o governo, sem saber se vão ter renda até o final do ano. Aqui nos EUA nos declaramos o imposto de renda apenas no final do ano, e caso tenhamos tido renda, ai sim recolhemos o valor devido aos cofres públicos. Essa certeza nos bons resultados futuros torna o Brasil um país insuperável.

Aí no Brasil vocês pagam escolas e livros para seus filhos, porque afinal, devem nadar em dinheiro, e aqui nos EUA, nós, pobres de país americano, como não temos toda essa fortuna, mandamos nossos filhos para as excelentes escolas públicas com livros gratuitos. Vocês, ricaços do Brasil, quando tomam no banco um empréstimo pessoal, pagam POR MÊS o que nos pobres americanos pagamos POR ANO.

E por falar em pagamentos...

Caro amigo brasileiro, quando você me contou que pagou R$ 2.500,00 pelo seguro de seu carro, ai sim eu confirmei a minha tese: vocês são podres de rico!!!!!!!!

Nós nunca poderíamos pagar tudo isso por um simples seguro de automóvel. Por meu carro grande e luxuoso, eu pago US$ 345,00. Quando você me disse que também paga R$ 1.700,00 de IPVA pelo seu carro, não tive mais dúvidas. Nós pagamos apenas US$ 15,00 de licenciamento anual, não importando qual tipo de veiculo seja. Afinal, quem é rico e quem é pobre?

Aí no Brasil 20% da população economicamente ativa não trabalha. Aqui, não podemos nos dar ao luxo de sustentar além de 4% da população que esta desempregada.

Não é mais rico quem pode sustentar mais gente que não trabalha???

Comentários:

Caro leitor, estou sem argumentos para contestar este ianque. Afinal, a moda nacional brasileira é a aparência. Cada vez mais vamos nos convencendo de que não é preciso ser, basta parecer ser. E, afinal, gastando muito, a gente aparenta ser rico. Realmente é difícil comparar esta grande nação chamada EUA que desde o seu descobrimento teve uma colonização de povoamento, com nosso país que foi colônia de exploração por mais de 300 anos, com nossas riquezas sendo enviadas para Portugal. E hoje ainda sofremos com essa exploração, só que dos próprios governantes que pilham e enviam nossas riquezas para suas contas bancárias em paraísos fiscais. E não fazemos nada para promover uma mudança radical de atitudes, conceitos e afirmação de nossa dignidade. Precisamos sair deste comodismo que estamos vivendo ou o sonho do País do futuro será apenas um ideal na boca dos demagogos que estão no poder.


Assina: Alexandre Garcia